segunda-feira, 13 de outubro de 2008

AMAR É...

"Amar é uma das mais belas e grandiosas características da criatura inteligente. Pois somente quem compreende o valor de uma vida, a importância de um gesto, a simples linguagem da beleza e da harmonia, o envolvimento de um carinho, a sensação de um olhar, a necessidade dos outros, a falta de um apoio, o valor de uma amizade, o aperto ao contemplar a dor e o sofrimento, o papel silencioso da natureza ou quem, às custas do seu sacrifício, se entregar aos demais para que superem seu momento, poderá dizer que realmente amou.


Somente é possível amar com inteligência. Porque é através do amor que interpretamos os segredos contidos na imensidão do Universo e conseguimos transformá-los num SIMPLES suspiro de vida. Quem diz que ama no arrebatamento de um ato emocional, estará na verdade exteriorizando a necessidade de uma compensação por carência. O amor não pode nem deve se manifestar impulsivamente; ao contrário, o amor tem de ser consciente e pleno, total e íntegro, pois abrange a capacidade de entrega, sacrifício e renúncia. Somente quem pensa coerentemente, ama com pureza e plenitude. Quem ama com sabedoria é quem poderá transcender qualquer sacrifício. "

ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Senhor,
Fazei de mim um instrumento da Vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver trevas, que eu leve a luz;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Ó Mestre Divino,Fazei com que eu procure mais
Consolar que ser consolado;
Compreender que ser compreendido;
Amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se nasce para a Vida eterna.
Amém, Amém, Amém

Depoimento de amor!

"Olá! Gostaria de deixar aqui um testemunho de vida, do que aconteceu comigo e minha família. Um depoimento para mostrar como é importante lutarmos pelas doações de orgãos.
No ano de 2001, minha esposa Vertânia, foi diagnosticada com problema renal, seus dois rins pararam de funcionar, começando naquele ano uma verdadeira batalha pela vida. Assim que começou a fazer hemodiálise, me ofereci para ser o doador e depois de 1 ano e meio de exames fizemos o transplante, no ano de 2002. No ano de 2005 ela ficou grávida, mas depois de 6 meses o bebê nasceu prematuro e veio a falecer.Mais uma vez passamos juntos por um problema e depois de muitos conselhos do médico resolvemos adotar uma criança. Quando não foi a nossa surpresa ela engravidou novamente, e após 8 meses de muita luta e cuidados, em novembro de 2006, nasceu linda e perfeita a nossa filhinha Heloisa Vitória, que sem dúvida não poderia ter outro nome.

Hoje vivo muito feliz com minha esposa, bem e realizada, e com nossos filhos ao nosso lado. Espero que com esse relato, nossas vidas possam servir de exemplo para que outras pessoas ajudem e façam parte da luta á favor da doação de órgãos e assim os que estão na fila esperando por um órgão possam ter finais felizes como o nosso, que nunca dessistimos de que um dia a nossa felicidade iria chegar, com a ajuda de Deus.

Desejo a todos que estão na fila, que tenham muita fé e coragem, e se alguém tem medo de ser um doador em vida, principalmente de rins, faça sem medo, pois eu continuo muito bem vivendo somente com um, e ainda com a certeza de ter ajudado Deus a dar vida a duas pessoas!

Forte abraço e fiquem com Deus."

Cláudio Brito.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Diretor "maior" da Ong Doe Vida


Fatos & Mitos sobre a Doação e Transplante de órgãos

Talvez você já tenha ouvido a história, segundo a qual um homem encontra casualmente uma bela garota que o convida ao seu apartamento e, após uma bela noite de "drinks" e outros prazeres fugazes, acorda em uma banheira cheia de gelo e descobre em suas costas duas incisões cirúrgicas indicativas de que os seus rins foram removidos por uma "predadora de órgãos" a serviço de um "mercado negro" que alimenta uma rede clandestina de transplantadores. Se ouviu, então, com certeza, você deparou-se com um dos inúmeros mitos acerca de transplantes de órgãos. Um fato como este, que circula, frequentemente, pela Internet, costuma "fazer a cabeça" de alguns incautos apesar de estar cheio de imprecisões.

Em primeiro lugar, uma incisão para remover os rins de um doador vivo ou não nunca é feita nas costas. Em segundo, o gelo na banheira entra nesta história da mesma forma como Pilatos entrou no Pai Nosso. Em terceiro, por causa da complexidade dos procedimentos médicos e burocráticos seguidos, protocolarmente, na remoção de um órgão de um doador e implante em um receptor - compatibilidade entre doador e receptor, a necessidade de uma equipe numerosa de profissionais com modernas facilidades operaionais - faz com que uma pirataria como a subentendida seja possível somente em uma mente muito fértil.

Um mito que assusta muita gente diz respeito a possibilidade de alguém "voltar" de uma situação de morte encefálica. A morte ocorre quando o encéfalo (cerebro e tronco cerebral) morre o que pode ocorrer por duas vias: o coração e os pulmões param de funcionar ou o encéfalo para de funcionar. Este pára de funcionar em decorrência de um trauma grave. Nestas circunstâncias o coração e o pulmão podem ser mantidos funcionando com suportes somente disponíveis nas UTIs. Morte encefálica é um critério médico, ético e jurídico aceito. Esses critério podem mudar com o tempo. Considere que há poucas décadas passadas ninguém voltava de uma parada cardíaca. Hoje, as técnicas de reanimação são aplicadas rotineiramente e com sucesso, até mesmo por não médicos.

MITO: Se depois de um acidente de carro eu chegar em um hospital e os médicos descobrirem que sou doador de órgãos, eles vão relaxar o tratamento para assegurar que os meus órgãos sejam utilizados para transplante.

FATO: Não existe nenhum conflito de interesse entre os atos de cuidar de um paciente grave, mas com quadro reversível e o de cuidar de um potencial doador de órgãos. Se fosse assim, praticamente não existiria falta de doador de órgãos.

MITO: Sou muito velho para ser doador de órgãos.

FATO: Em princípio não existe restrição de idade cronológica para o aproveitamento de órgãos para transplante. O que importa é o estado fisiológico do mesmo..

MITO: Não sou doador porque a minha religião não permite.

FATO: Todas as religiões são favoráveis a doação de órgãos como um ato de amor ao próximo e de caridade. A decisão de ser ou não doador é pessoal.

MITO: Se eu doar os meus órgãos eles serão comercializados para favorecer aqueles que tem mais dinheiro.

FATO: Talvez você consiga vender um dos seus rins, mesmo que essa prática seja absolutamente proibida no Brasil. Contudo, o comércio de órgãos de doador não vivo é inviável na prática por uma série de razões, incluindo compatibilidade biológica, tempo de preservação dos órgãos, número de profissionais envolvidos em um transplante, etc.. Não existe nenhum caso confirmado de comercialização de órgãos de doador não vivo. O comércio de órgãos de doador vivo é legal em alguns países e tolerado em outros. Não no Brasil.

MITO: A doação de órgãos é um ato emocionalmente muito doloroso para um momento de perda.

FATO: As famílias que tem adotado o gesto de doar os órgãos de um ente querido que morreu repentinamente sentem-se mais reconfortadas em saber que parte dele ou dela permanece fluindo entre nós, permitindo que outras pessoas continuem vivendo. Em verdade são sentimentos sobre os quais pouco temos o que falar sem experimentar.

Fonte:
http://www.adote.org.br/oque_doacao_fatomitos.htm

Sobre a Lei Seca, os Transplantes e a Lei da Vida



Francisco Neto de Assis*

Artigo publicado em jornal do norte do país, com repercussão em outras regiões, relacionou o sucesso da Lei Seca com o processo de doação de órgãos. O artigo enfatiza a necessidade de o governo aplicar com rigor a Lei Seca, mas lamenta a falta de adoção de estratégias para compensar a diminuição de órgãos para transplantes, no caso fígado, por causa da comprovada redução de acidentes no trânsito.
No raciocínio do autor de “Lei seca e a conseqüência nos transplantes” a captação de órgãos está diretamente ligada ao numero de acidentes de trânsito. “Se após trinta dias da implementação da Lei Seca estamos comemorando a redução de acidentes e do número de mortes no transito, daqui a poucas semanas estaremos observando o aumento de mortes nas filas de espera por transplantes, óbitos que numa análise fria das estatísticas deveremos debitar do sucesso da Lei Seca”.
Adotando a mesma linha de raciocínio seria possível dizer que a médio prazo poderemos creditar ao sucesso da Lei Seca a eventual diminuição da lista de espera por transplante de fígado. Afinal de contas o álcool é o principal inimigo do fígado, em especial daqueles com hepatite viral, a principal causa de indicação de transplante hepático. Contudo, a epidemiologia dos transplantes não pode ser considerada de forma tão simplista.
O efeito de medidas legislativas sobre o trânsito e a conseqüente redução da mortalidade por esta causa na população já é bem conhecido. Foi fator decisivo na reversão da tendência de crescimento da mortalidade em países como Japão, Portugal, França, Canadá, Hungria e na Grã-Bretanha. Durante o primeiro Carnaval após a vigência do Código de Trânsito Brasileiro, que entrou em vigor em janeiro de 1998, ocorreu uma redução de 45% no número de acidentes em relação ao mesmo período de 1997. Em 1998 também entrou em vigor a Lei da Vida, que trata do processo doação-transplante de órgãos. De lá para cá o número de transplantes aumentou mais de 140%. Entre 2000 e 2006 o número de acidentes de trânsito com vítimas fatais variou muito pouco, de 20.049 para 19.752. No mesmo período o número de potenciais doadores de órgãos cresceu de 982 para 5.657. Uma análise mais acurada demonstra que o número de acidentes de trânsito nesse período não explica mais de 10% da variação no número de potenciais doadores.
A prevalência de doadores de órgãos não é mais a de vítimas de Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) em acidentes de trânsito. Um estudo da Secretaria de Saúde do Estado de S. Paulo, por exemplo, mostrou que, entre 2002 e 2006, de 1.677 doadores viáveis 47,6% foram vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), dos quais 40,1% de AVC Hemorrágico e 7,5% de AVC Isquêmico. As vítimas de TCE por acidentes de trânsito responderam por 39,2% das doações. Os demais doadores morreram por outras causas, entre elas tumor cerebral, choque anafilático e asfixia.
Vincular a Lei Seca com o número de doadores é desviar os refletores para o lado errado, deixando no escuro a questão fundamental que embota o sucesso da Lei da Vida: a sub-notificação de possíveis doadores como conseqüência de um erro de gestão da apreciável estrutura para busca de órgãos para transplante, representada pelas 526 Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, distribuídas por todas as regiões do país.
*Presidente da ADOTE – Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos

Dez anos de transplantes sob a Lei da Vida

RESUMO: Em janeiro de 1998 entrou em vigor a Lei 9.434/97 intitulada pelo seu relator, Senador Lúcio Alcântara, como Lei da Vida. Este trabalho apresenta alguns resultados produzidos e considerados relevantes nos dez primeiros anos de vigência da Lei da Vida:
a) foram realizados no Brasil mais de 100 mil transplantes, sendo, aproximadamente, 40 mil de órgãos sólidos (coração, pulmão, fígado, rim, pâncreas) e 60 mil de tecidos (exclusivamente córneas. Não foram computados medula óssea e outros);
b) 66,8% dos transplantes foram financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – 86% dos transplantes de órgãos e 54,1% dos de córneas;
c) quase 60% dos transplantes renais foram realizados com doador vivo, um dos índices mais elevados do mundo;
d) Embora tenham sido realizados cerca de 20 transplantes por dia a lista de espera cresceu a uma velocidade de pelo menos 10 inscrições por dia;
e) Mesmo tendo ocorrido um importante aumento na viabilização de possíveis doadores em potenciais doadores, o desperdício de órgãos, decorrente da falta de notificação do diagnóstico de morte encefálica para as Centrais de Transplante, ainda foi alto, ou seja, quase 60% dos possíveis doadores foram desperdiçados;
f) Depois da sub-notificação, a segunda causa de perda de doadores foi a Contra Indicação Médica (44,1% das causas de não doação) e a terceira foi a falta de consentimento da família, que variou entre 34,1 e 42,2% com média de 37,7%;
g) As estatísticas vitais do DATASUS permitiram estimar a disponibilidade de córneas para transplante entre 30 e 86 mil por ano;
h) a lista de espera por transplante de córnea poderia ser zerada nos próximos 12 meses se cada uma das 528 comissões intra-hospitalar de transplantes captasse pelo menos 26 doadores para atender a apreciável capacidade instalada de 29 bancos de olhos e 393 equipes transplantadoras autorizadas pelo SNT.
O fato de 66,8% dos transplantes receberem financiamento público sinaliza uma divisão de atribuições entre as esferas públicas e privadas no que se refere às fontes de remuneração para estes procedimentos de alta complexidade. Entretanto, contraria recomendação feita ao SNT por organizações sociais, para as quais os transplantes, pela sua natureza peculiar, deveriam ser totalmente financiados pelo poder público. Sugere-se que a maneira mais rápida de diminuir a elevada escassez de órgãos para transplantes no Brasil seria através do aumento da notificação de possíveis doadores, que poderia ser viabilizado através de medidas de natureza organizacional. Entre elas, estaria, em primeiro lugar, a criação de formas de reconhecimento e de incentivos para a efetiva atuação dos membros das CIHDOTT, que hoje são formadas quase exclusivamente por voluntários. Formas de incentivo à captação de órgãos e córneas também poderiam ser introduzidas no processo de contratualização dos hospitais, processo esse já implantado nos hospitais de ensino e em fase de implantação da rede de hospitais filantrópicos e privados prestadores de serviços ao SUS.
Francisco Neto de Assis - ADOTE
Fonte: www.adote.org.br