quarta-feira, 6 de maio de 2009

Relatos marcam festa dos 5 anos da Doe Vida



Família Reinelt Marques e voluntários festejaram os primeiros cinco anos da Doe Vida

Conter as lágrimas foi uma tarefa difícil na festa que comemorou os cinco anos de criação da Associação Doe Vida. As apresentações da entidade e os depoimentos deixaram o público com emoções estampadas em seu rosto. O evento foi realizado no sábado passado, no salão social do Clube Fazenda Ribeirão. Cerca de 150 pessoas participaram da festa que contou com a animação da Banda Alfa, de Artur Nogueira. A ONG apresentou, através de vídeos, suas atividades ao longo dos cinco anos. Os depoimentos foram feitos por membros da ONG, colaboradores e a madrinha da entidade, a atriz Glória Pires. O objetivo do evento, que terminou com um jantar, era divulgar os trabalhos e ampliar o número de pessoas e empresas que ajudam a manter entidade. De acordo com a presidente da associação, Izilda Cristina Reinelt, a Doe Vida é mantida com doações, parceria e vendas de produtos. “Por opção, não contamos com auxílio de recursos governamentais”. No evento também foi divulgado a principal causa da ONG, que é a conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos. “O nosso trabalho só terminará quando todo o país tiver consciência da importância da doação e o governo estiver preparado para receber esse material que salva vidas. Agradecemos a todos que participaram e que colaboraram para realização da festa”.ONG A Doe Vida tem representes em 35 cidades dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas. Por mês, a organização repassa cerca de 250 cestas básicas para pacientes carentes que aguardam na fila por um transplante de órgão. Uma das principais entidades no país, a ONG desenvolve um trabalho de conscientização por meio de palestras, em escolas, faculdades, associação e empresas. A entidade distribui medicamentos, suplementos alimentares, cadeiras de banho e de roda, agasalhos e cobertores a pacientes carentes. Para a deputada estadual Célia Leão (PSDB), presente na comemoração, destacou que ser doador é uma opção, mas ressaltou que muitos não aderem devido à falta de informação. “A Doe Vida trabalha ‘salvando vidas’ por meio da conscientização. Aprendemos com a associação que doar órgãos não é perdê-los, mas promover a vida”. A ONG funciona na Praça dos Pioneiros, sem número, no Centro de Holambra. Mais informações podem ser obtida pelo 3802-2009.
QUEM VENCEU A ESPERA
A festa de cinco anos da Doe Vida reuniu pessoas que superaram as dificuldades da fila de espera por um órgão. Assim como aconteceu com as irmãs Marques - Anna Paula, Anna Maria e Eva Cristina -, elas tiveram uma nova oportunidade de viver. A auxiliar de informática Débora Pereira Fernandes Domingues, de 46 anos, esperou por um rim durante sete anos e meio. “Nesse período o sentimento que você tem é de morte, pois você vai a uma sessão de hemodiálise e não sabe se voltará viva”, disse, ao lembrar que fazia o tratamento três vezes por semana. Diferente das meninas, a auxiliar não encontrou ninguém compatível na família, mas há quatro anos e sete meses conseguiu ser transplantada. “Foi maravilhoso, sem explicação. A gente volta a viver”, comentou, emocionada. Débora conheceu as irmãs Marques ao longo do tratamento, antes de receberem os órgãos. “A doação precisa ser discutida em família, porque hoje somos doadores, mas amanhã podemos ser receptores”. O empresário Humberto José Yaly Júnior, 57 anos, viveu o drama por dois anos e meio. Ele conheceu as meninas por meio de uma reportagem, quando elas faziam o tratamento. Há três anos, o empresário disse que “ganhou na loteria”. A sua mulher, Maria Auxiliadora Palermo Yaly, pôde doar um rim. “Eu nasci de novo, pois já estava com falência dos órgãos”. Para Yaly, não há segredo para suportar esses momentos difíceis. “É ter fé e esperança”, finalizou.
A história da Doe Vida nasceu quando a família de Izilda passou pelo dilema de ter três filhas precisando de um transplante de rins. Há três anos, Anna Paula Reinelt Marques, Anna Maria Reinelt Marques e Eva Cristina Reinelt Marques receberam os órgãos e tiveram uma nova oportunidade de viver. Um dos momentos que mais emocionou o público foi quando amigos lembraram que o desejo de consumo das meninas era “tomar água”. Esse sentimento comoveu, em 2005, Maria Cristina Silveira Mota, prima do pai das moças, João Otávio Meneses Marques. Maria Cristina contou que naquela época fazia cerca de 30 anos que não via a família. Porém, o encontro ocorreu durante uma Expoflora e a prima conheceu o dilema enfrentado pelas meninas. Ela decidiu que seria uma doadora e, no exame, descobriu que tinha 90% de compatibilidade. “Esse índicie é um milagre, inexplicável até hoje, pois somente pessoas próximas do receptor, como pais e irmãos, conseguem atingir um grau tão elevado”. Segundo Maria Cristina, a imagem que não sai de sua mente foi quando ela acordou, após a cirurgia, e viu o rosto de Anna Maria, que recebeu o órgão. “A alegria que ela esbanjava confirmou que tinha valido a pena”. As três meninas foram transplantadas em 2005. Anna Paula, gêmea de Anna Maria, foi a primeira transplantada e recebeu o órgão da mãe. Eva foi a segunda e recebeu um rim do pai.

Esdras Domingos - JC Holambra 29/08/2008

Nenhum comentário: