quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Reportagem do Jornal da Cidade de Holambra - Quando a solidariedade fala mais alto


Em meio às difi culdades de uma doença incurável, quando as esperanças pareciam se dissipar, a família Reinelt Marques encontrou forças para superá-las. Porém, pai, mãe e filhas foram além: decidiram que era hora de ajudar pessoas que passam pelos mesmos dilemas.



Assim, há seis anos nascia em Holambra a ONG (Organização não-governamental) Doe Vida, que se transformou numa referência na luta pela doação de órgãos no Brasil. A entidade conta com 32 representantes em várias cidade de São Paulo e outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Rio Grande do Sul e Paraná.



O trabalho deles, junto à família Reinelt Marques, é divulgar o trabalho da ONG e captar recursos para auxiliar quem está na fila aguardando um transplante. Segundo a diretora de relações públicas da entidade, Anna Paula Reinelt Marques, o trabalho da Doe Vida “é de formiguinha”, ou seja, feito aos poucos.



Todo esse trabalho é possível graças ao voluntariado, de quem divulga as ações da entidade e daqueles que colaboram. Anna Paula lembrou que a entidade não recebe auxílio governamental. “Nossos subsídios vêm de colaboradores que fazem as doações”.



Outra parte dos recursos da entidade chega por meio das vendas de materiais, como camisetas, canecas, canetas entre outras coisas. O pico de vendas é durante a Expofl ora, onde têm um quiosque da entidade. O dinheiro levantado com a venda e doações e revertido para as pessoas assistidas pela ONG.



João Otávio Meneses Marques, diretor-secretário, comentou que atualmente a Doe Vida distribui, mensalmente, 200 cestas básicas, remédios, suplementos alimentares, cadeiras de banho e de roda, agasalhos e cobertores a pacientes carentes.


Um divisor de águas


Há cinco anos, pouco se falava na importância da doação de órgãos no Brasil. Porém, o caso das irmãs Anna Paula Reinelt Marques, Anna Maria Reinelt Marques e Eva Cristina Reinelt Marques chamou atenção de todo o país.


A luta das irmãs se iniciou quando descobriram que precisariam de transplante de rins. Natural de São José dos Campos, a família mudouse para Holambra, devido a tranqüilidade do local e a proximidade com Campinas, devido ao tratamento.


Em 2003, as irmãs participaram de um programa de TV, onde apareceram colaboradores interessados em ajudá-las. No entanto, vendo o sofrimento de outras famílias que têm filhos na fila de espera, elas decidiram criar uma ONG para ajudar outras pessoas.


O caso das irmãs Reinelt Marques e a formação de uma entidade ganharam as páginas dos principais noticiários do país. Nessa luta, mais colaboradores foram aparecendo, como a atriz Glória Pires, hoje, madrinha da entidade. João Otávio ressaltou que, a partir dessa repercussão, o assunto passou a receber mais atenção. “Um dos nossos principais trabalhos é a conscientização, por meio de palestras e seminários, sobre a doação de órgão”.


Presidida por Izilda Cristina Reinelt, em 2004 a “Doe Vida” foi reconhecida com utilidade pública pela Câmara Municipal. No Brasil, atualmente, 70 mil pessoas aguardam por um transplante.



Experiência de vida


Ana Paula, a primeira das irmãs a ser transplantada, completa no dia 24 de fevereiro, cinco anos que recebeu um rim. Ela comentou que a ajuda da ONG não está restrita a donativos, medicamentos e palestras. “Nosso principal objetivo é, com nossa experiência, dar força para as pessoas”.


A Doe Vida, que funciona em uma sala cedida pela Prefeitura, quer ampliar seu atendimento. João Otávio informou que a entidade tem uma demanda de 500 cestas básicas mensais, “no entanto, não conseguimos atender todas as pessoas”.


O diretor-secretário salientou que as doações feitas a ONG podem ser abatidas no Imposto de Renda. “Queremos oferecer as pessoas que aguardam por um transplante terapias, cursos e ofi cinas. Ainda estamos tentando transformar a entidade em uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) para realizar projetos sociais”.


A Doe Vida funciona na Rua Campo de Pouso, 1.139, no Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo 3802-2009.

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